segunda-feira, junho 20

Lei na Bolívia pode aumentar roubo de carros em MT



Uma lei promulgada pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, está preocupando as autoridades da Segurança Pública de Mato Grosso. O Governo boliviano simplesmente decidiu legalizar os veículos que estão sem documentação no país.

A medida também vale para carros estrangeiros, ou seja, os veículos que são subtraídos ilegalmente no Brasil serão totalmente legais no país vizinho. A nova lei pode gerar um aumento nos índices de carros roubados e furtados no território nacional. A fronteira entre os dois países se estende desde Corumbá, em Mato Grosso do Sul, até Assis Brasil, no Acre.

Os 983 quilômetros da fronteira mato-grossense com a Bolívia fazem com que o Estado seja um corredor para esse tipo de prática criminosa. Mato Grosso ainda tem como peculiaridade o fato de raticamente toda sua extensão de fronteira com a Bolívia ser em área rural, o que dificulta muito o trabalho de fiscalização.

Responsável pela Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERRFVA), o delegado Silas Caldeira acredita que a lei boliviana irá contribuir para o aumento dos roubos de carros.

"Mesmo não tendo conhecimento aprofundado na lei boliviana, vejo que ela vai contribuir para que aumentem os roubos de carros no Estado, uma vez que que temos uma longa fronteira com o país", disse, em entrevista ao MidiaNews.

Segundo Caldeira, a Polícia ainda não percebeu um aumento na quantidade de roubos de veículos, desde que a nova lei foi divulgada. "Ainda estamos com a mesma média de, pelo menos 10 roubos de carros diários em Cuiabá. SE houve aumento em cidades mais próximas da fronteira, ainda não tivemos confirmação. Cuiabá tem um dos melhores índices de recuperação de veículos: conseguimos resolver cerca de 70% dos casos de roubos", informou.

Trabalho na fronteira

O delegado acredita que, para desarticular quadrilhas que roubam carros para vender ou trocar por drogas na Bolívia, é necessário aumentar o efetivo policial, tanto nas cidades centrais como nas de fronteiras.

"Temos o Gefron, que faz o trabalho nas fronteiras, mas o efetivo é pouco. A Polícia tem para fiscalizar mais de 100 estradas vicinais que dão na Bolívia. Com efetivo reduzido, é impossível fazer barreiras e fiscalizar todas as entradas para o país vizinho. Além disso, é necessário que tenha mais policiais nas cidades fazendo o trabalho de investigação. Carros são trocados por drogas, além de roubar os carros, entra droga no país", afirmou.

Atualmente, o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), composto por policiais militares e civis, conta com quatro postos fixos de fiscalização e atua em 28 municípios de fronteira, com barreiras móveis e policiamento intensivo também por água e ar.

Chegar à Bolívia pelo território brasileiro não é tarefa difícil. São 3,4 mil quilômetros de fronteira, que atravessam uma variedade de terrenos, percorrendo desde grandes áreas urbanas até desertos inóspitos e florestas. Cenário fácil para as quadrilhas criarem estradas alternativas e chegarem até o destino final e legalizar um veículo roubado no Brasil.

Os carros brasileiros contrabandeados para a Bolívia são caros e novos, utilizados em sua maioria como moeda de troca para a compra de drogas. Existe ainda uma preferência por caminhonetes que chegam a ser vendidas por R$ 5 mil para os atravessadores.

Quadrilha investigada
O delegado Caldeira revelou que existe uma investigação sobre a participação de uma quadrilha que atua em Cuiabá, em períodos de uma semana, com intervalos de 15 dias. "As invesstigações mostram que esse tipo de crime é praticado de forma sazonal e, depois, tem um intervalo de 15 dias. Esse deve ser o período que entrega dos carros e tempo para praticar os outros roubos", observou.

Um dos articuladores da organização criminosa investigada é suspeito ter envolvimento na morte do empresário Martin Pompeo de Barros. O empresário foi assassinado em abril deste ano, por um travesti. O travesti confessou que matou o empresário roubar a S-10 da vítima. O veículo seria vendido para um homem conhecido apenas como "Boliviano" por R$ 5 mil.

Estamos investigando essas ações. Já temos suspeitas fortes de quem possa ser essa pessoa, mas não podemos prender ninguém que atende apenas por um apelido. Assim que for feita a identificação do atravessador, iremos pedir a prisão dele", disse Caldeira.

O delegado acredita que a nova lei pode ter um lado benéfico para as autoridades policiais. "Com a legalização, a Polícia vai saber qual o número carros que são levados do Brasil para a o Bolívia. Além de traçar um perfil de qual região é mais afetada com esse tipo de crime", disse.

Medida polêmica 
A medida adotada por Morales pode encorajar uma série de contravenções, que vão além do aumento nas ocorrências de roubos de veículos. O tráfico de drogas e de armas, golpes no seguro são algumas das modalidades criminosas que podem pegar carona com a nova lei.

A nova lei do Governo boliviano já preocupa seguradoras brasileiras. A elevação dos crimes de roubo e furto pode gerar impacto nos valores de seguro no país. O Brasil enviou lista com dados sobre veículos roubados para evitar sua regularização no país vizinho.

Para o cidadão boliviano nacionalizar o veículo o prazo é de 15 dias. As autoridades terão três meses para concluir o processo. O governo boliviano garantiu reforço nas fronteiras para evitar a entrada de carros roubados.

FONTE: Mídia News

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